sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Programa "Resposta Fiel"

Caros,
Como alguns de vocês já devem saber, a CPAD estreou sua rádio web neste mês. A idéia é oferecer uma programação de qualidade, que traga realmente edificação. Pois bem, há algumas semanas, fui convidado pela direção da rádio para apresentar um programa semanal de reflexão bíblica e teológica com o nome Resposta Fiel, numa referência à saudosa revista de apologética cristã da Casa, da qual tive o prazer e a honra de ser editor por um longo tempo. Aceitamos com alegria. O programa, de uma hora de duração, será toda terça-feira, às 22h, com reprise na quinta, às 17h e aos domingos, às 12h. E a estréia ocorre já nesta terça, dia 2 de setembro. O link para ouvir a programação é este: www.cpad.com.br/radioweb
Lembrando ainda que o programa tem um quadro que responde a dúvidas dos ouvintes. Por isso, peço a todos que quiserem enviar suas perguntas que o façam por meio deste blog, aproveitando o espaço de comentários desta postagem, ou pelo e-mail radioweb@cpad.com.br.
Abraços a todos!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Acerca da eleição de nomes católicos como exemplos de espiritualidade sadia por parte de evangélicos frustrados com o triunfalismo (Primeira Parte)

Como prometido, trato neste artigo de outros casos de eleição acrítica de referenciais. No artigo passado, falei de um caso mais gritante: a "dislexia premeditada" em torno dos escritos de Friedrich Nietzsche. Agora, passo para o caso da “sagração”, no meio evangélico, dos católicos romanos madre Teresa de Calcutá, Francisco de Assis, Leonardo e Clodóvis Boff, Brennan Manning e Henri Nouwen como padrão de espiritualidade sadia. Apesar de serem de épocas distintas e alguns de correntes diferentes do catolicismo romano, achei por bem tratar de todos eles em um texto só, dividido em duas partes, porque todos esses nomes são muito recorrentes na atual busca, por parte de alguns evangélicos, por espiritualidade em escritos de católicos romanos do passado e do presente.
À guisa de introdução, volto a frisar o que registrei em comentários passados neste blog (já que alguns leitores eventuais e/ou desatentos, em seu arroubo, às vezes entendem errado as coisas): o fato de aludir a erros teológicos crassos e a conceitos de espiritualidade bizarros de Francisco de Assis, Nouwen, Manning, os Boff e Teresa de Calcutá não significa que não há absolutamente nada de aproveitável no que escreveram, fizeram ou afirmaram. Há coisas interessantes nos seus escritos, e em alguns casos até realizações louváveis em seus atos. Meu alerta nesta série de artigos é em relação ao “comer os peixes com espinha e tudo”, ao ponto de eleger essa turma e seus escritos como padrão de espiritualidade sadia, quando não são. Repito: o erro está na eleição desses nomes como sendo referenciais de espiritualidade bíblica.
Sim, nenhum desses nomes, e nem o que produziram, pode ser considerado, à luz da Bíblia, referencial de espiritualidade sadia para nós, já que, no geral, o que ensinam e fazem não se coaduna com os ensinos bíblicos. Muito ao contrário: choca-se frontalmente com ele. Ora, o fato de uma pessoa afirmar uma verdade não a escusa de um monte de inverdades que ela também tenha dito. E o que dizer quando essas inverdades são a tônica na vida da pessoa?
A influência pós-moderna, porém, tem levado alguns cristãos a desprezarem esses erros graves. O pluralismo os tem levado a condescenderem com erros doutrinários e comportamentais contanto que estes partam de alguém que, apesar de esposá-los, é gente boa. Entenda-se por gente boa aqui pessoas simpáticas, sensíveis, generosas, dedicadas a ajudar ao próximo etc. Entretanto, assim como o fato de alguém dizer uma verdade não significa que todos os erros que esse alguém defende podem ser tolerados, o fato de alguém fazer algo certo e bom também não significa que tudo que esse alguém faz de errado deve ser ignorado. Reconhecer afirmações corretas ou atitudes bondosas não deve nos levar a eufemizar ou desprezar erros gravíssimos, ainda mais quando são preponderantes, quando são erros que não são exceção, mas a regra. As boas obras não definem o que seja uma espiritualidade sadia. Espiritualidade sadia é bem mais do que praticar boas obras. E também não tem nada a ver com os "mantras cristãos" da "oração contemplativa".
Espiritualidade sadia não consiste em lavar os pratos dos outros, viver entre os pobres, conviver com deficientes físicos ou aidéticos ou andar com mendigos. Tudo isso é bom e bonito, mostra preocupação com as pessoas, desprendimento, desapego às coisas materiais etc, além de se tornar muito atraente para quem se frustrou com essas populares aberrações no meio evangélico chamadas Triunfalismo e Teologia da Prosperidade, mas alguém pode fazer tudo isso e ser, por exemplo, um ateu, um budista, um espírita, ensinar heresias etc. Boas obras, comportamento monástico e franciscanismo não são sinônimos de espiritualidade sadia. Ademais, pregar sincretismo entre cristianismo e práticas zen-budistas e ensinar uma graça que abraça o pecador sem preocupar-se em levá-lo a abandonar suas práticas pecaminosas (como ensinam alguns desses nomes do catolicismo) podem parecer "bonito", no primeiro caso, e "amor cristão", no segundo, mas não são. A tal "oração contemplativa" não tem nada a ver com a oração e a meditação bíblicas, e a graça de Deus, a graça bíblica, envolve arrependimento de nossa parte e nos liberta das práticas pecaminosas, transformando a nossa vida, mentalidade e comportamentos.
Referenciais de espiritualidade sadia não são, necessariamente, pessoas perfeitas, cristãos sem erros. O ponto aqui é claramente outro, mas faço questão de trocar isso em miúdos para ajudar quem eventualmente está acostumado a raciocinar a partir de afirmações genéricas. Consideremos, por exemplo, o apóstolo Paulo, Jonathan Edwards e John Wesley. Estes são, sem dúvida, exemplos de espiritualidade sadia. Porém, quando considero Paulo, John Wesley e Jonathan Edwards exemplos de espiritualidade sadia, não estou dizendo com isso que eles eram perfeitos, impecáveis, mas, sim, que Paulo, Wesley e Edwards, apesar de suas imperfeições, eram homens que não apenas pregavam, mas viviam a Palavra de Deus integralmente. Já naqueles nomes que mencionei acima não vemos isso. Todos esses nomes do catolicismo romano são (ou foram, já que alguns faleceram) boas pessoas, têm virtudes, mas não vivem/viveram integralmente a Palavra de Deus. Praticam/praticaram algumas verdades do Evangelho, mas cometem/cometeram bizarrias em relação a outros pontos importantíssimos do Evangelho. Vamos aos fatos. E comecemos por casos mais recentes: Nouwen e Manning.

Henri Nouwen

O padre holandês Henri Nouwen é, sem dúvida, uma personalidade atraente. Sensível, generoso, atencioso e excelente escritor, todos que o conheceram simpatizaram com ele e todos que leram seus escritos o admiram de alguma forma. A sensibilidade talvez seja a sua principal marca. Nouwen, porém, ensinava coisas que chocam-se com os ensinos bíblicos.
Além de suas convicções católicas romanas, das quais discordamos por razões óbvias, ele também sofria de um problema que acabou afetando sua teologia, levando-o a pregar uma graça que não tem nada a ver com a graça bíblica, mas que acabou ganhando repercussão principalmente no meio evangélico devido à conjuntura de nossos dias, recheada de ensinamentos odiosos para os quais os ensinos de Nouwen e Manning podem ser confundidos como contraponto saudável, quando são, na verdade, o outro extremo.
Henri Nouwen era homossexual. Chegou a ter um romance platônico com um de seus amigos, mas o desejo de continuar padre o impediu de revelar-se. Nos anos 70, chegou até a pensar em assumir seu homossexualismo, mas desistiu. O ensaio desse desejo de revelar-se a todos se deu em 1973, quando distribuiu a seus alunos, na Universidade de Yale, cópias de um artigo que escrevera, onde afirma que lésbicas e gays não deveriam se sentir culpados pelas suas práticas, mas “aceitar sua sexualidade”. Porém, algo o fez voltar atrás em sua idéia de assumir sua homossexualidade: o fato de que, nessa época, um conhecido, Robert Lentz, apesar de ser celibatário, foi expulso do monastério ao qual pertencia por confessar ser gay. Diante do acontecido, temendo que o mesmo acontecesse com ele, decidiu esconder a verdade e mudar o discurso. Nos anos 80, já encontramos Nouwen dizendo que homossexualismo é pecado. Porém, nos anos 90, voltou atrás. Estava arrependido por sua hipocrisia e planejou, pouco antes de morrer, escrever um livro abertamente pró-homossexualismo.
Geralmente, aqueles que admiram acriticamente Nouwen descrevem essa sua atitude de optar pelo celibato como algo positivo: “Ele se sacrificou pela sua fé”, “Ele amava sua igreja”, “Ele colocou sua vocação ministerial acima de seus desejos”. Ou seja, a lógica é a seguinte: como Nouwen não chegou a praticar o homossexualismo, mas submeteu-se ao celibato, então tudo bem. E ainda acrescentam: “Além do mais, ser tentado não é pecar. Pecar é ceder à tentação”.
Ora, há várias falhas nesse raciocínio.
Em primeiro lugar, Nouwen não foi celibatário por crer que homossexualismo é pecado. Nouwen escondeu seu homossexualismo e foi celibatário porque não queria deixar de ser padre. Ele nunca foi transformado, nunca teve sua heterossexualidade resgatada, nunca deixou de ser gay, como admitiu. Se um dia deixasse de ser celibatário, não era para se casar, mas para praticar o homossexualismo, concretizar suas fantasias, com as quais viveu toda a vida, porque ele nunca foi transformado. Inclusive, só abandonou o discurso pró-homossexualismo momentaneamente, só decidiu esconder a farsa por um tempo, porque não queria deixar de ser padre.
O Nouwen que nos anos 80 declarou a seus alunos que eram homossexuais que estes deveriam abandonar o homossexualismo se quisessem servir a Deus é o mesmo que, nos anos 70, escreveu um texto pró-homossexualismo e, nos anos 90, no final da vida, afirmou que uma pessoa poderia ser gay e um cristão genuíno ao mesmo tempo. Ou seja, ele não afirmou aquilo nos anos 80 porque tratava-se de sua convicção íntima. Ao contrário! Seus biógrafos dizem que ele se entristeceu muito por ter dito aquilo, já que tal afirmação era uma traição a ele mesmo. Nouwen só o dissera porque queria mostrar-se alinhado à sua igreja. Pouco antes de morrer (faleceu em 1996, aos 62 anos), arrependido, magoado consigo mesmo, declarou-se condescendente com o homossexualismo como era antes, chegando a escrever que “os homens e mulheres gays têm uma vocação única na comunidade cristã”. Seus biógrafos contam, inclusive, como já frisei, que morreu quando idealizava escrever mais um livro, desta feita sobre o homossexualismo, e numa perspectiva condescendente.
Dizer que Nouwen se fez celibatário por convicção é uma interpretação própria de fãs, que ignoram a evidência dos fatos. Como Nouwen era uma pessoa sensível, generosa, amável com todos, escrevia bem e de forma tocante, então, diante das revelações sobre seu homossexualismo, seus admiradores resolvem eufemizar a conclusão lógica a que elas nos levam. Chegam até mesmo ao ponto de transformar em nobreza aquilo que tem outro nome. Isso é o que chamei, no artigo anterior, de “dislexia premeditada”, tão própria em nossos dias.
Se, conforme seus próprios biógrafos informam, Nouwen morreu arrependido de ter escondido sua homossexualidade, como, então, foi celibatário por convicção? Se, de acordo com seus biógrafos, nunca deixou de ser homossexual e tinha medo de ser retirado da função de padre por isso, como, então, foi celibatário por convicção? Se Nouwen realmente achasse que homossexualismo é pecado, se tivesse esta convicção, teria procurado ajuda para seu problema, independente se isso resultasse ou não na perda de seu título de padre. Mas não foi isso que aconteceu. Nouwen passou a vida toda escondendo sua preferência, lutando com suas fantasias que o dominavam para não concretizá-las porque não queria perder a condição de padre. Repito: se ele quisesse mesmo seguir o que diz a Bíblia, procuraria cura.
Em segundo lugar, é verdade que ser tentado não é pecar, mas, sim, ceder à tentação. Porém, esse não é o caso de Nouwen. Pelo que seus biógrafos dizem, ele foi, durante toda a sua vida, dominado e consumido internamente por seus desejos homossexuais, só não os materializando em atos por conveniência. Inclusive, teve "um relacionamento platônico com um de seus amigos".
Ora, Jesus disse que a nossa justiça deveria exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.20) e dá como exemplo de justiça farisaica o achar que, porque não consumou em atos o pecado que no coração o domina, porque só o consumou em pensamentos, está tudo muito bem (Mt 5.28). “Mas, pastor Silas, eventualmente o cristão peca por pensamentos e isso não o faz necessariamente fariseu”. Perfeitamente. Mas note que isso é bem diferente de ter sua mente escravizada pelo pecado. Não confundamos as coisas.
O cristão genuíno não é impecável. Ele peca. Porém, como bem destaca a Bíblia, quem é nascido de Deus (isto é, o cristão genuíno, aquele que passou pelo Novo Nascimento, tornou-se nova criatura em Cristo Jesus, foi transformado) não vive na prática do pecado (seja por pensamentos, palavras ou obras), não é dominado pelo pecado (2Co 5.17 e 1Jo 3.9). O cristão nascido de novo peca, mas não é vassalo do pecado, seja em atos, seja em mentalidade. Sua mente não é dominada pelo pecado. A não ser que tenha decaído espiritualmente, esteja “na carne”.
Como dizia Lutero (creio ter sido ele quem afirmou isso), "você não pode impedir que um pássaro pouse na sua cabeça, mas pode impedir que ele faça ninho na sua cabeça".
Uma coisa é o crente pecar em momentos de fraqueza, outra coisa é ser escravo de qualquer pecado. Uma coisa é a pessoa ser eventualmente tentada em uma determinada área, outra coisa é acontecer o que os biógrafos de Nouwen dizem ter acontecido com ele: durante toda a vida, ser abrasado e consumido por desejos pecaminosos; no caso, homossexuais.
Ora, há uma grande diferença entre uma pessoa que foi liberta em Cristo do vício do homossexualismo, mas eventualmente é assaltada por lembranças pecaminosas do seu passado, e alguém que nunca foi curado desse vício, que continuou com ele e não procurou a cura. E por que não procurou? Porque confessar seu homossexualismo resultaria em perder seu cargo eclesiástico.
Além do fato de Nouwen ser católico romano, que diferença há entre Nouwen e um pastor que é escravo de qualquer outro vício sexual, mas não o confessa para não perder o seu cargo? Há nobreza nessa atitude? Se não há em uma caso, por que haveria no outro? Dois pesos, duas medidas? Não há nobreza nem em um caso nem no outro. Ver em um e não ver no outro é “dislexia premeditada”, tão comum na pós-modernidade.
Já falei sobre o que chamo de “dislexia premeditada” no artigo anterior. Exemplos de “dislexia premeditada” em nossos dias se multiplicam, principalmente, na área política. Um exemplo? Criticar medidas do governo quando oposição e, depois de se tornar governo, praticar as mesmas medidas e chamá-las de boas. Na "dislexia premeditada", as coisas mudam de qualidade e interpretação conforme a conveniência. Ora são boas, ora são más, dependendo de que lado está o coração da pessoa. Outro exemplo? O messianismo em torno de Barack Obama. A mesma mídia que na eleição passada acusou setores evangélicos dos EUA de messianismo em torno de Bush pratica hoje messianismo em torno de Obama e não acha isso nada demais. Articulistas que antes escreviam contra o messianismo em torno de Bush hoje exaltam e romantizam o messianismo em torno de Obama, e ainda dizem que quem não está do lado de Obama está automaticamente “do lado do mal”. Ora, qualquer messianismo, seja em torno de Bush, seja em torno de Obama, seja em torno de quem for, é mal.
Bem, adiante.
Em terceiro lugar, outro equívoco nesse raciocínio em relação ao homossexualismo de Nouwen é o de não achar nada demais em ter uma mentalidade homossexual, contanto que a pessoa não pratique o homossexualismo em atos. Isso é não crer que Deus resgata a heterossexualidade da pessoa. Isso é bem diferente do que ensina a Bíblia (1Co 6.10,11). Aliás, não é à toa que os católicos romanos Henri Nouwen e Brennan Manning, alcoólatra, se caracterizam por ensinar uma graça que abraça, mas não transforma. A tônica de Nouwen e Manning é que Deus nos aceita com os nossos vícios. Por quê? Porque eles mesmos chegaram à conclusão de que Deus poderia aceitá-los apesar de seus vícios. E esse discurso faz tanto sucesso no meio evangélico de nossos dias porque, cansados desse falso evangelho triunfalista, de “super-crentes”, da Teologia da Prosperidade, da confissão positiva, muitos crentes foram seduzidos por essa visão, que nada mais é do que o outro extremo.
Sim, todos somos falhos. Sim, a graça de Deus nos abraça apesar de nossos pecados. Mas não para nos deixar como estamos. Aliás, primeiro, precisamos nos arrepender, e só então somos perdoados e transformados. A graça divina nos transforma, uma nova natureza é gerada em nós. Quando isso acontece, não nos tornamos impecáveis, mas não somos mais escravos do pecado. E se buscamos a Deus, nos permitimos ser moldados pela Sua Palavra, pela oração e no dia-a-dia da vida cristã, então continuamos livres dos grilhões do pecado. Somos aperfeiçoados todos os dias conforme a imagem de Cristo.

Brennan Manning

Brennan Manning, tão incensado por alguns cristãos hoje em dia, é outro exemplo de pregador de uma graça que não tem nada a ver com a graça bíblica. Ele é americano e foi batizado como Richard Francis Xavier, é ex-frade franciscano, formado em Teologia e Filosofia, e autor de diversos livros. Ele é muito conhecido por defender um estilo de vida simples e abnegado como algo central para a vida cristã. Além de ter vivido em clausura e contemplação, chegou a habitar voluntariamente entre as populações carentes nos Estados Unidos e na Europa, foi ajudante de pedreiro na Espanha, carregou água para populações rurais, lavou pratos na França e deu apoio espiritual a presidiários na Suíça.
Manning declarou recentemente não ver nada demais em alguns cristãos continuarem em determinadas práticas que chocam-se com a Palavra de Deus. Apesar de a Bíblia mostrar que Deus ama o pecador, mas abomina o pecado (Jo 3.16; 1Ts 4.1-8; 1Pe 1.13-16), o Deus de Manning ama o pecador, mas sem se importar com o pecado. O escritor Andy Comiskey, diretor do ministério Desert Stream nos Estados Unidos, que tanto evangeliza homossexuais como discipula e acompanha os que entre eles se convertem a Cristo, em artigo publicado no site Pastoral Care Ministries, intitulado “O perigo da graça sem a verdade” - http://leannepayne.com/articles/displayarticle.php?articleid=5 - conta sua experiência com Manning.
Inicialmente, ele destaca que as mensagens de Manning são sempre sobre o mesmo tema: amor. Por isso, a princípio, sentiu-se atraído pelas suas palestras e livros, mas logo ficou incomodado ao perceber que o amor que pregava Manning tem muito pouco a ver com o amor de Deus como ensina a Bíblia; pois não é o amor que, além de perdoar os nossos pecados, muda nosso comportamento e, nos momentos de fraqueza em nossa caminhada espiritual, não apenas nos abraça, mas também nos restaura. Ao contrário, é um amor que aceita os nossos pecados sem se incomodar, que perdoa-nos sem se preocupar com nossa mudança de vida. Comiskey ficou preocupado com isso e, então, resolveu marcar um encontro com Manning para conversar sobre o assunto. Sobre a curiosa conversa que teve com ele, contada em seu artigo, você pode lê-la, em português, por exemplo, no endereço http://juliosevero.blogspot.com/2007/09/o-perigo-da-graa-sem-verdade.html
Outro problema de Manning, e que também se vê em Nouwen, é seu envolvimento com meditação oriental.
Brennan Manning é universalista e fervoroso promotor de meditações orientais. Inclusive, em seus livros, ensina algumas técnicas do tipo e indica, como referenciais, gente como a mestre espiritualista Beatrice Bruteau, fundadora da Escola de Contemplação nos EUA e promotora da chamada “espiritualidade global”. Ela é endossada por Manning em seu livro Abba’s Child: The Cry of the Heart for Intimate Belonging. Na ocasião, a menciona como “confiável guia para a consciência contemplativa”. Outro indicado por ele como referencial é o célebre católico-budista Thomas Merton. A indicação é feita em seu livro A Assinatura de Jesus. Para saber melhor quem ele é, conheça algumas obras zen-budistas de Merton aqui http://www.worldcat.org/oclc/276806&referer=brief_results e aqui http://www.worldcat.org/oclc/377395&referer=brief_results
Em A Assinatura de Jesus, Manning cita ensinos de Merton como saudáveis e afirma também que a chamada “oração contemplativa” é uma bênção para o crente. Não é. A tal “oração contemplativa” é a inserção de práticas zen-budistas no meio católico romano (e, agora, também no meio evangélico, via escritos de Manning e outros). Tudo começou nos anos 70, quando os monges Basil Pennington e William Meninger, liderados pelo monge abade Thomas Keating, começaram a ensinar a “oração contemplativa” como um “método de oração que nos prepara para recebermos o dom da presença de Deus” e como “uma oração de silêncio, uma experiência da presença de Deus”. Os ensinos de Keating podem ser encontrados em http://www.contemplativeoutreach.org/cntrgpryr.htm#Centering%20Prayer
No site http://www.comtemplativeoutreach.org/, que tem como objetivo divulgar os ensinos do monge Thomas Keating, está escrito o seguinte sobre a “oração contemplativa”: “Esse método de oração é um movimento para além da conversa com Cristo, para a comunhão com Ele. (...) A Oração Contemplativa também é inspirada pelos escritos de grandes colaboradores para a herança contemplativa cristã, incluindo São João Cassiano, o autor anônimo de The Cloud of Unknowing, São Francisco de Sales, Santa Teresa D'Ávila, São João da Cruz, Santa Teresa de Lisieux (também chamada de Santa Teresinha), e Thomas Merton” (o itálico é meu). Leia mais sobre o assunto no artigo Contemplative Prayer da especialista Christine A. Narloch, encontrado no endereço http://www.crossroad.to/articles2/006/contemplative-narloch.htm
O reverendo John Dreher, em interessante artigo sobre a “oração centrada” e a “oração contemplativa” (que faz parte da “oração centrada”), conta que “durante os vinte anos (1961-1981) em que Keating era abade, o Mosteiro de São José manteve diálogos com representantes budistas e hindus; e um mestre Zen deu um retiro de uma semana para os monges. Um ex-monge trapista que tinha se tornado um instrutor de meditação transcendental também deu uma sessão aos monges”. O artigo pode ser lido em http://www.catholic.com/thisrock/1997/9711fea1.asp
No que consiste a “oração contemplativa”? Suas diretrizes são quatro, conforme lembra Narloch no seu artigo que mencionei no penúltimo parágrafo: “1) Escolha uma palavra sagrada como o símbolo da sua intenção de entrar na presença de Deus e de ação interior; 2) sentando-se confortavelmente e com os olhos fechados, acomode-se rapidamente e apresente sileciosamente a palavra sagrada com o símbolo do seu desejo de ir à presença de Deus e ação interior; 3) quando estiver envolvido com seus pensamentos, retorne de forma sempre suave à palavra sagrada; e 4) no fim do período de oração, permaneça em silêncio com os olhos fechados por alguns minutos”.
Ora, a meditação mística, praticada no hinduísmo, no islamismo sufista e no budismo, consiste justamente em orações repetitivas e repetição contínua de uma palavra ou frase (mantras), além de contemplações de ícones ou imagens reais ou imaginárias, e métodos de esvaziar a mente. Não é à toa que Manning, em seus livros, nos ensina a escolhermos uma palavra ou um texto bíblico para ficarmos repetindo-o (como um mantra) a fim de podermos praticar a presença de Deus. Ele diz, em seu A Assinatura de Jesus, para escolhermos uma “palavra sagrada” e a repetirmos sempre, invariavelmente, vagarosamente etc. No seu Evangelho Maltrapilho, ensina-nos a repetir por dez minutos, como um mantra de oito palavras, o texto de Salmos 23.1: “O Senhor é meu pastor; nada me faltará”. E diz para, durante essa atividade, não tentarmos sentir nada, não pensarmos em nada e não fazermos nada. E acrescenta: “Relaxe”.
Outro fato curioso sobre Manning é que, por ocasião da tragédia provocada pelo Furação Katrina, ele deu uma entrevista à revista Christianity Today dizendo que havia ajudado pessoas naquela tragédia em New Orleans, mas depois confessou que mentiu. A entrevista foi publicada em 6 de outubro de 2005 no site da revista. Quatro dias depois, foi publicado no site, na mesma página da entrevista, um editorial, um pequeno acréscimo dos editores com a confissão de Manning de que mentira ao jornalista. O link para a entrevista, com a nota dos editores acima do texto, está aqui: http://www.christianitytoday.com/ct/2005/octoberweb-only/42.0.html
Como Manning, Henri Nouwen também era universalista e amante e propugnador de meditações orientais. Ele disse certa vez que não se sentia confortável com aqueles que dizem que “Jesus é o único caminho” e também que cria que qualquer pessoa poderia chegar a Deus independente de Jesus, porque, para Nouwen, se alguém pratica boas obras, é bom e generoso com todos, então já tem a Deus. Não precisa conhecer a Jesus, se arrepender de seus pecados e confiar no sacrifício de Cristo para sua Salvação. A pessoa pode ser budista, muçulmana, hindu etc, contanto que seja um bom budista, um bom muçulmano, um bom hindu. O mesmo é dito por Brian McLaren, guru dos chamados “cristãos emergentes”, em seu livro Uma ortodoxia generosa. Aliás, Mclaren também diz nessa obra que nós, cristãos, para nosso melhor desenvolvimento espiritual, precisamos aprender meditação com os zen-budistas.
Não é à toa que Nouwen endossou, por exemplo, o livro Meditation: Simple 8-Point Program for Translating Spiritual Ideals Into Daily Life, do professor hindu Eknath Easwaran, que ensina mantras e meditação. Sobre a tal obra, escreveu ele: “Este livro tem me ajudado muito”. Não acredite simplesmente no que eu digo. Leia você mesmo em http://catalog.ebay.com/Meditation_0915132672_9780915132676_W0QQ_fclsZ1QQ_pidZ683149QQ_tabZ1 e em http://www.lighthousetrailsresearch.com/nouwenbuddhism.htm
E ainda tem gente que diz que Henri Nouwen e Brennan Manning são referenciais de espiritualidade sadia...